quarta-feira, 9 de julho de 2008

Maria da Glória


Mirian Ribeiro nos anos 70


Pois foi justamente nos “anos de chumbo” que Maria da Glória começou a descobrir o mundo, a vida e o que estava a sua volta. Graças, ela não sabe a quem, estava se libertando. Primeiro, dos preconceitos; segundo, do medo de ser mulher. Estava deslumbrada. Ela era dona de si. Deixava para trás um tempo de trevas. Era a própria Fênix, ressurgia das cinzas.

O tempo era final dos anos 60, início dos 70. O mundo todo estava em ebulição. Por aqui, as coisas eram bem trancadas e vigiadas. Movimentos surgiam, uns contra, outros a favor. Ela não se esquece de um em especial: Tradição, Família e Propriedade. Podre de careta. Ela curtia muito ir gritar junto com os amigos e colegas no centro da cidade: “Abaixo o TFP”.

Glorinha tinha voltado a estudar. Estava fazendo cursinho para prestar exame de vestibular, e é claro que só existia um caminho a seguir: fazer faculdade dos meios de comunicação, pois cursando comunicação ela estaria ligada e envolvida a tudo o que estava detonando o mundo. Era fascinante: Jean-Luc Godard, “Weekend à Francesa”, homem na Lua, Amizade Colorida, Chico, Caetano, Gil, Tropicália, Pasquim, Cinema Novo, Leila Diniz, acampamento em Garopaba, PUC, PUC.

Trinta anos depois, vamos encontrar Maria da Glória tão inquieta quanto naquele tempo. Hoje vivendo de uma forma alternativa e tendo certeza de que aqueles anos de intenso convívio fraterno na Famecos foram sem sombra de dúvidas os seus Anos Dourados.

(Texto escrito por Mirian Ribeiro, diretora da PalcoVivo, em 2003)

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